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Um ano depois do golpe, o que mudou?


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Ao assumir o governo, Temer disse que estancaria processo de queda da economia, melhoraria ambiente de negócios, geraria mais emprego e renda

Em seu primeiro discurso como Presidente da República, em 12 de maio de 2016, Michel Temer disse que seu maior desafio era “estancar o processo de queda livre da atividade econômica e melhorar significativamente o ambiente de negócios do setor privado, para produzir mais e gerar mais emprego e renda”.

A BBC Brasil publicou uma reportagem que pode ajudar os leitores a avaliar o que a economia tem a dizer, de positivo e negativo, sobre o governo Temer após esses 12 meses de mandato. Leia abaixo alguns trechos da reportagem.

1. Emprego em baixa Os dados mais recentes do IBGE apontam que o país tem 14 milhões de desempregados. O índice de desemprego bateu recorde no primeiro trimestre de 2017, chegando a 13,7%.

André Perfeito, economista-chefe do Gradual Investimentos, lembra que mesmo uma redução no índice de desemprego pode não ser boa notícia no momento atual: “Pode significar que uma parcela das pessoas simplesmente parou de procurar trabalho. Por enquanto, falta demanda econômica para estimular a criação de novas vagas.”

2. Inflação mais controlada Os economistas veem como um importante sinal positivo o fato de a inflação se mostrar sob controle, depois de anos em alta: o IPCA (medição oficial) de abril, por exemplo, foi de 0,14%, índice mais baixo desse mês já registrado pelo IBGE desde o início do Plano Real, em 1994.

O fato de os preços não estarem subindo é justamente “consequência da tremenda recessão” do país, diz Francisco Lopreato, do Instituto de Economia da Unicamp.

3. Taxa de juros em queda Menos inflação significa mais espaço para a queda da taxa de juros (Selic), reduzida para 11,25% na última reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central. O conselho citou justamente a “dinâmica favorável da inflação” entre os fatores que o levaram a reduzir os juros do país.

A velocidade da queda da taxa costuma gerar debate entre economistas. Lopreato acha que o BC demorou demais para reduzir as taxas, “contribuindo para a situação atual de crise”.

4. Consumo ainda patinando Uma revisão de metodologia do IBGE apontou alguns sinais de alta nos números recentes do varejo, e há indicativos de aumento da confiança dos comerciantes. Ao mesmo tempo, com o desemprego alto e o crédito escasso, o consumo das famílias fica necessariamente comprometido.

O governo acredita que a liberação de contas inativas do FGTS traz algum impulso, os saques injetarão R$ 34,5 bilhões na economia -, mas seu impacto no consumo é alvo de debate.

Para Ribeiro, da Tendências Consultoria, se uma parte significativa desse dinheiro chegar ao consumo, pode incrementar o PIB (Produto Interno Bruto) em 0,3 ponto percentual.

Para Lopreato, da Unicamp, porém, “ainda que seja um volume importante de recursos, está diluído no tempo (já que os saques estão sendo liberados aos poucos) e grande parte desses recursos não vai para gastos das famílias, mas sim para pagar dívidas”.

5. Produção industrial volátil A produção industrial caiu 1,8% em março em relação ao mês anterior e mantém desempenho fraco desde o início do ano, segundo o IBGE, em um exemplo de como a atividade econômica ainda não decolou.

“A ociosidade da indústria ainda está muito elevada”, diz Perfeito.

6. Agricultura e balança comercial com mais fôlego Com o aumento da produção agrícola e dos preços internacionais dos alimentos, a agricultura tem sido a boa surpresa, dando alento ao cenário econômico e contribuído com um saldo positivo na balança comercial (relação entre as exportações e importações do país).

7. Investimento, PIB e expectativas dos empresários em debate Quando o IBGE divulgou os números da atividade econômica brasileira de 2016, em março, trouxe várias más notícias: o PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 3,6% no ano passado e a taxa de investimento recuou 1,6% no último trimestre. Os sinais dos investimentos neste ano ainda são incertos.

“Provavelmente não repetiremos o nível de recessão de 2015 e 2016, mas estamos longe de uma luz no fim do túnel”, opina o professor da Unicamp. “Estamos ansiosos para que a economia dê sinais robustos, mas, com dados que sobem e descem, não dá para cravar que estejamos em recuperação.”

Perfeito, do Gradual Investimentos, diz que o investimento ainda “não está se materializando”. “A empresa só vai investir quando acreditar que vai ter demanda.”

Parte disso, afirma ele, se deve à contínua incerteza política do país, que deriva da turbulência das reformas trabalhista e previdenciária em andamento, dos desdobramentos da Operação Lava Jato e da baixa popularidade do governo.

8. Gastos públicos e perspectivas com reformas: a grande interrogação Qual será o legado do governo Temer com as reformas trabalhista e previdenciária, em andamento, e na busca pelo equilíbrio das contas públicas? Esse é um dos grandes debates atuais, ainda repleto de interrogações e divergências.

André Perfeito opina que o foco atual do debate previdenciário – de desafogar os gastos do governo – ofusca uma questão importante: será que a reforma vai garantir poder de consumo para os aposentados do futuro?

“Nosso debate precisa ser também quanto a se queremos esses gastos (sendo assumidos) pelo Estado. Se hoje pedimos aos governantes a construção de creches, é bem possível que o pedido, no futuro, seja pela construção de asilos.”

Para Francisco Lopreato, o grande perigo é a perda de conquistas trabalhistas e sociais. Sua opinião é de que o conjunto de reformas “só olha para um lado” – o do empresariado -, “destruindo-se ganhos sociais em vez de aprimorá-los”.

“O coroamento disso é proposta de reforma trabalhista rural (uma proposta em debate na Câmara prevê que empresas remunerem empregados com comida e moradia em vez de salário, por exemplo). Isso significaria ‘avançar’ para o final do século 19.”

Leia a reportagem completa no site da BBC Brasil.

Fonte: Contraf-CUT

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