Caged aponta saldo positivo do emprego bancário no ano, mas análise do saldo em 12 meses mostra “rombo” de 6,7 mil postos no setor; contratação de mulheres foi 14,3% menor do que de homens
Uma análise setorizada elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, de abril a setembro de 2021, o setor bancário vem apresentando saldo positivo na trajetória de emprego formal. Ou seja, os bancos têm contratado mais do que demitido. No acumulado do ano, há um saldo positivo de 2.751 postos de trabalho no setor.
“É uma boa notícia a de que houve saldo positivo de vagas no setor bancário nos nove primeiros meses de 2021, mas, se ampliarmos o período da análise para 12 meses, veremos que houve uma redução de 6,7 mil postos de trabalho bancário em um ano. Temos que comemorar a reversão do quadro, mas ainda não se pode soltar fogos”, observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia. “Se não fizermos essa análise mais ampla correremos o risco de deixar passar aspectos que mostram que tal crescimento ocorre por questões pontuais”, completou.
Digitalização e contratações da Caixa
Segundo Mario Raia, o saldo positivo no emprego bancário constatado pelo Dieese na análise do Caged até setembro se deve, principalmente, devido às contratações realizadas pela Caixa Econômica Federal por pressão do movimento sindical e determinação da Justiça. Outro motivo é a segmentação das contratações na área de tecnologia da informação (TI) entre os bancos de carteira múltipla, onde estão os grandes bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) e o Banco do Brasil, em consequência do acelerado processo de digitalização dos atendimentos. Em setembro foram realizadas 4.365 admissões e 3.116 desligamentos, o saldo ficou positivo em 1.249 vagas. Foram 692 contratações pela Caixa e 556 pelos “Bancos Múltiplos com Carteira Comercial”. Destas 556 contratações, 298 são ligadas diretamente à Área de TI (a função de “Analista de Desenvolvimento de Sistemas” foi a que obteve maior saldo positivo com a criação de 261 vagas).
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que é secretária de Cultura da Contraf-CUT, ressaltou que as contratações realizadas pelo banco são uma luta antiga do movimento sindical. “Os empregados estão extremamente sobrecarregados. Reivindicamos as contratações para melhorar as condições de trabalho e também para ajudar na melhora do atendimento à população. A Caixa somente realizou estas contratações por ter sido forçada, mas, mesmo assim, elas estão aquém do necessário”, disse. “Conseguimos na Justiça a manutenção da validade do concurso e temos milhares de aprovados aguardando serem chamados. E o Pedro Guimarães (presidente da Caixa), que foi forçado a contratar, quer se autopromover dizendo que está contratando para melhorar o atendimento à população. A verdade é que só contratou por ter sido forçado”, completou.
Recorte de gênero
Outro ponto a ser destacado na análise feita pelo Dieese é com relação à distribuição de gênero na movimentação do emprego bancário. A contratação de mulheres, no mês de setembro, foi 14,3% menor do que a de homens. Foram contratados 791 homens e 488 mulheres.
Achatamento salarial
Já em relação às faixas etárias, é possível observar saldo positivo entre as primeiras faixas, até 39 anos, com aumento de 1.519 vagas e para as faixas etárias acima dos 40 anos, foi notado movimento contrário, com o fechamento de 270 vagas. “Esta é uma prática que já vem sendo observada faz bastante tempo e não é exclusividade da categoria bancária. Os bancos e as empresas de uma forma geral demitem funcionários com mais idade e experiência e contratam novos funcionários, com salários mais baixos. A consequência é o achatamento salarial da categoria e o aumento do lucro dos empregadores”, explicou. O salário mensal médio de um bancário admitido em setembro corresponde a 92,9% do salário médio mensal do demitido.
Recorte geográfico
No que diz respeito ao recorte geográfico da Caged de Setembro, verifica-se abertura de postos de trabalho em praticamente todos os estados da federação, exceto em Roraima, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. O estado de São Paulo segue com saldo favorável. Em setembro foram abertas 735 novas vagas no estado, sendo 255 vagas exclusivas na área de tecnologia da informação. Em todo o ano, foram abertas 1.690 novas vagas no estado, consequência da abertura de 2.224 postos em ocupações de tecnologia contra o fechamento de 534 postos de áreas diversas.
Leia a íntegra da análise do Dieese.
Fonte: Contraf/Cut
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