Sintraf-Ap reforça a importância da participação do trabalhador nas discussões sobre o tema

Atos tomaram as ruas por todo país neste mês de fevereiro, organizados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Comando Nacional dos Bancários e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) receberam o apoio do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Amapá (Sintraf-Ap) e demais entidades sindicais.
Os protestos partiram do anúncio realizado pelo Banco Central (BC) no dia 1°, onde o Copom (Comitê de Política Monetária) da instituição decidiu manter a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) em 13,75%. Em dois anos a taxa subiu cerca de 10 pontos, a manutenção acontece pela quinta vez seguida.
Tabela Selic Dezembro 2021 - Fevereiro de 2023

Os trabalhadores exigiram mudanças na política de juros com a regulação da taxa Selic e a saída do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos. O objetivo é que a economia volte a ser estimulada para a geração de novos empregos, redução dos custos nas linhas de crédito e descentralização de renda.
Em entrevista para a Contraf-CUT, o economista do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), Gustavo Cavarzan, que participou na última quinta-feira, (23), do seminário “Juros altos, bom para quem?" explicou, “com essa opção de ganho, quem tem recursos prefere investir no mercado financeiro e ficar com os juros, e não se dedicar a um empreendimento [...] O crédito bancário fica mais caro e desestimula consumo e atividade produtiva, o real se valoriza e derruba as exportações, o governo gasta mais com os juros da dívida e os investimentos públicos diminuem. Todos esses fatores enfraquecem a economia, então o desemprego cresce e a renda dos trabalhadores cai,” esclarece.
Juros e inflação
Os juros são usados como um dos mecanismos para controlar a inflação e tentar estimular a economia. Assim, quando a inflação está alta, o BC eleva os juros o que diminui o consumo que força uma queda nos preços. Já quando a inflação está baixa, o BC reduz os juros, o que estimula o consumo.
No entanto, com esse mecanismo quando os juros estão altos o crédito também encarece desestimulando os investimentos e o consumo, atrapalhando a saúde financeira dos trabalhadores.
O presidente do Sintraf-Ap, Samuel Bastos defende uma outra saída, segundo ele uma manutenção da Taxa Real é a melhor forma de resolver a situação. “É absurdo que a Selic se mantenha tão alta em relação ao IPCA, essa disparidade não existe em nenhum lugar do mundo. Se formos calcular a Taxa Real os juros são altíssimos, precisamos pensar no que é melhor para a economia fluir para quem faz ela girar que é o trabalhador,” afirma.
Entendendo o IPCA e a Selic
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi criado em 1979 com o objetivo de calcular o custo de vida das famílias, para isso os preços de produtos e serviços são coletados e sua variação de um mês para o outro gera o valor que ajuda a determinar a inflação junto a taxa Selic. Atualmente o IPCA está em 0.53%.
Já a Selic é usada para o BC ter controle sobre as transações entre os bancos como forma de garantir o cumprimento dos acordos de compras de títulos públicos. Dessa forma pode-se calcular a Taxa Real.
Segundo consta no relatório de março de 2022 da Infinity Asset Management, o Brasil fica na 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, ficando atrás somente da Rússia que em meio a guerra com a Ucrânia teve uma forte elevação de juros.
“Por isso, torna-se necessário ter conhecimento maior acerca do tema, para que possamos reivindicar com mais ênfase as melhorias para de vida que ajudarão a sociedade como um todo com mais empregos, educação, saúde e segurança”, enfatiza o Diretor Administrativo e Financeiro do Sintraf-Ap, Edson Gomes.
Amanda Isis/Ascom Sintraf-Ap
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