Federação realiza nesta quarta 12, também em Brasília, sua 16ª Conferência Regional e na quinta 13 a assembleia de prestação de contas
A Conferência de Saúde e Condições de Trabalho, realizada nesta terça-feira 11 em Brasília pela Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), constatou o preocupante aumento dos casos de adoecimentos mentais na categoria bancária e aprovou uma série de propostas para combater essa verdadeira epidemia. Entre as resoluções estão a realização de audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o adoecimento dos trabalhadores do ramo financeiro, a ampliação do Observatório da Saúde do Trabalhador de Brasília para toda a base da Fetec-CUT/CN, iniciar uma rede de apoio aos bancários adoecidos e transformar o documentário do Sindicato de Porto Alegre sobre o tema em um documento a ser enviado como denúncia a parlamentares e ao Ministério Público do Trabalho.
A Conferência também aprovou a reestruturação e modernização do site da Fetec-CUT/CN, de forma que permita dar mais destaque às matérias sobre saúde e condições de trabalho da categoria.
“A Conferência desta terça-feira buscou sensibilizar os dirigentes sindicais da nossa região a respeito dos adoecimentos provocados pela gestão das empresas, que capturou a subjetividade do trabalhador bancário e, consequentemente, tem levado ao esgotamento físico e mental. Não bastasse essa captura, intensificou o trabalho com o canto da sereia da chamada meritocracia, provocando um grande número de adoecimentos mental e comportamental entre os trabalhadores”, afirma Wadson Boaventura, coordenador do Coletivo de Saúde e Condições de Trabalhador da Fetec-CUT/CN.
“Ter a oportunidade de debater a saúde dos trabalhadores do ramo financeiro de forma qualificada e com a importância que o assunto requer sinaliza a mobilização da nossa categoria para as conquistas de qualidade de vida”, acrescenta Rafaella Gomes, secretária de Mulher da Fetec-CUT.
Doenças mentais dobraram na categoria em dez anos
A economista do Dieese Vivian Machado apresentou o Relatório de Saúde do Trabalhador, segundo o qual entre 2013 e 2020 a média de afastamentos na categoria bancária, por doenças ou acidentes, foi de 20.192 por ano e que o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2% nos últimos cinco anos.
Segundo o estudo do Dieese, realizado a partir dos dados oficiais do INSS, os afastamentos previdenciários de bancários por transtornos mentais saltaram de 23% para 40% entre 2012 e 2022, fazendo o caminho inverso das doenças osteomusculares (LER/DORT), que caíram de 22% para 17%. Nesse mesmo período, a participação da categoria bancária nos afastamentos por doenças mentais e comportamentais em relação a todos os setores da economia dobrou de 12% para 25%.
A consulta dos bancários para a Campanha Nacional de 2022 constatou que 77% dos trabalhadores dos bancos sentem cansaço, fadiga e preocupação constante; 55% relataram viver com desmotivação, vontade de não ir trabalhar e medo de “estourar”; 44% sofriam de ansiedade ou pânico e 42% passavam por dificuldade de dormir mesmo nos finais de semana.
A consulta também mostrou que 21% escondiam a doença por medo de ser prejudicado ou até mesmo perder o emprego e que 35,5% da categoria havia usado medicamentos controlados (antidepressivos, ansiolíticos, estimulantes) nos 12 meses anteriores.
Fonte: Fetec-CUT/CN com edição do Sintraf-Ap
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